
A Associada Cristiana Pipponzi (ingressante em Administração em 1993) hoje é conselheira de grandes empresas como Santander e RD Saúde (antiga Raia Drogasil), mas não deixou de ter a essência de atleta encantada com o campus e com o novo mundo que conheceu na FEAUSP. Nesta entrevista ela fala da sua trajetória profissional e da experiência em dois mandatos como Conselheira da Sempre FEA.
Como foi sua história com a FEA?
Sempre fui muito generalista, não sabia se gostava mais de literatura ou matemática, então escolher o que prestar foi uma das escolhas mais difíceis da minha vida. Eu prestei vestibular para Publicidade, Engenharia de Alimentos e Administração. Entrei nas três e comecei a cursar FEA e ESPM, mas depois de dois meses frequentando a USP, ficou evidente que era a melhor escolha para mim.

Cristiana (Kika) em viagem quando cursava a faculdade
Eu tinha uma história de vida de mesma escola, mesmo bairro, mesmo clube, meu mundo era restrito. Não havia um pingo da diversidade de hoje, claro, mesmo assim, a FEA foi uma ampliação de mundo para mim. Eu me encantei com essa vida no campus, aquele lugar lindo, com cursos diferentes por todo lado. Na primeira semana, durante a Gincana dos Bixos, não acreditei que aquilo era faculdade!
A Atlética e a vida esportiva também fizeram muito parte da minha vida universitária. Meus esportes principais eram futebol e handball. Fiz grandes amizades dentro das quadras e nas arquibancadas que trago comigo até hoje.
Qual foi sua trajetória profissional após a faculdade?
Um professor comentou sobre um estágio na Ernst & Young, me interessei, entrei e ali comecei a me envolver com projetos de sistemas e tecnologia, incluindo e-commerce, que estava começando na época. Mais adiante, no ano 2000, fui convidada por um grupo de sócios da EY para tocar uma startup que era um marketplace de produtos editoriais nacionais e internacionais. Não conseguimos a segunda rodada de investimento, e a startup não vingou. Mas foi uma experiência de aprendizado sensacional. Passei pelo ciclo completo da fundação ao encerramento de uma organização. Fui fazer MBA no INSEAD depois disso e meu primeiro filho acabou nascendo por lá, enquanto estudava na França.
Quando voltei ao Brasil, assumi a área de Marketing e Sustentabilidade da Droga Raia, seguindo um processo de sucessão cuidadoso no negócio fundado por meu bisavô João Baptista Raia, em 1905.
Quando entrei, ainda éramos uma empresa média, com aproximadamente 150 farmácias. Os dez anos seguintes foram uma loucura, com crescimento acelerado, entrada de private equity, IPO e uma fusão estruturante com a Drogasil.
Dois anos após a fusão, meu pai faleceu de forma inesperada (a doação de Kika à Sempre FEA foi feita em memória de seu pai, Franco Pipponzi, também FEAno, ingressante em Economia em 1967). Acabei saindo da vida executiva muito antes do que eu imaginava, aos 38 anos, para integrar o Conselho de Administração em seu lugar, onde estou até hoje e lidero os comitês de Estratégia e de Sustentabilidade.
Naquela época, eu ainda não sabia ser conselheira, então fui estudar sobre o tema e tentar aprender fazendo também, não apenas na RD, mas me envolvendo na governança de empresas de venture capital, institutos e fundações.

Franco Pipponzi no casamento da filha Cristiana
Você hoje também é conselheira de Banco Santander Brasil, Positive Ventures, Instituto Ame Sua Mente, e Associação Vaga Lume. O que você leva para essas organizações?
Difícil falar de forma geral, porque cada organização tem uma necessidade e desafios específicos, e requer uma contribuição diferente. Mas se tem algo que é transversal em todas as minhas atuações é a crença de que para ser perene e criar valor no longo prazo, negócios e organizações devem criar soluções para melhorar a vida das pessoas e do planeta.
A experiência profissional em modelos diversos de organizações — incluindo multinacionais, startups, empresa familiar privada e empresa nacional de capital aberto — me expôs a desafios estratégicos e de crescimento muito distintos, o que me ajuda a atuar em diferentes formatos de governança e de contexto.
No caso das organizações do terceiro setor, houve uma demanda maior do conselho para criação de modelos de governança mais efetivos, renovação da visão estratégica, e introdução de modelos de gestão e indicadores de sucesso mais objetivos, por exemplo. No caso das organizações maiores e de capital aberto, o desafio de se transformar de forma acelerada e criar opcionalidades de negócios tem sido uma constante discussão na mesa do conselho.
Você concluiu dois mandatos como Conselheira da Sempre FEA após quatro anos de dedicação. Como esse trabalho contribuiu para o seu próprio desenvolvimento e sua visão?
Fiquei muito honrada de ter participado do Conselho Consultivo da Sempre FEA, ao lado de pessoas que admiro demais. Trocar com esse grupo é uma grande fonte de desenvolvimento e aprendizado. É muito especial poder retribuir um pouco, o muito que eu recebi da faculdade.
Além de participar das reuniões de Conselho, participar das bancas avaliadoras dos projetos é uma parte muito gratificante e superimportante para ampliar nosso conhecimento sobre o perfil dos alunos da FEA, suas necessidades, conhecer melhor o ambiente em que a gente atua, além de ampliar nosso entendimento do contexto. Recomendo!
Como foi sua reconexão com a faculdade?
Uma parte muito legal na Sempre FEA é a possibilidade de reconexão com pessoas de diversas gerações da faculdade, pessoas que não foram nossas contemporâneas e por isso não tivemos a chance de conviver.
Me sentir parte da comunidade novamente me trouxe uma sensação boa de pertencimento e uma vontade de seguir conectada. Acredito que uma parte importante do papel dos associados é trazer mais gente para perto, seja como doadores ou voluntários. Ser porta-voz da Sempre FEA para fortalecer a construção dessa comunidade é essencial. O nosso sucesso de longo prazo não depende apenas da questão financeira, mas também do fortalecimento desse senso de comunidade, para que ser FEAno ganhe espaço na vida e na identidade de cada um.
