

Além de ter estudado na USP por 21 anos, o Conselheiro e Associado Vitalício Sergio Malacrida (ingressante em Economia em 1992) tem esposa e os dois filhos FEAnos. Nesta entrevista ele fala de uma trajetória única que inclui carreira em finanças e diplomas pelo IME e pela FFLCH.

Como foi a decisão de cursar Economia e a chegada à FEA?
Sempre fui de Exatas e Humanas ao mesmo tempo. Minhas disciplinas preferidas eram Matemática, História e Literatura e eu pensava em como articular esses dois lados. Um professor do colégio em Osasco me sugeriu estudar Economia.
Entrei na FEA completamente desorientado sobre o que eu iria fazer, mas a faculdade explodiu minha cabeça. No colégio, eu tinha as notas mais altas da turma, o que cria uma aparente arrogância intelectual. Na FEA você muda de liga. Para mim foi incrível o exercício mental de descobrir coisas novas, pessoas super capacitadas, professores muito bons.
O momento do país também era interessante para quem estudava Economia. Era a época do Plano Real, que após inúmeros planos econômicos fracassados foi um sucesso.
Neste início da FEA também fui tesoureiro da Atlética e tive minha primeira experiência cuidando do dinheiro dos outros e prestando contas.
A chegada do seu primeiro filho quando você ainda estava na faculdade impôs uma mudança de rota, mas você conseguiu conciliar o trabalho e a vida acadêmica. Você se graduou também em Matemática e Letras na USP e tem uma carreira consolidada em finanças. Como foi esse percurso?
Nenhum caminho canônico me levaria aonde eu cheguei. Em 1995, enquanto cursava meu terceiro ano na FEA, nasceu meu filho (Vinicius Contrera Malacrida, ingressante em Economia em 2014). Me casei com a Mara (Profa. Dra. Mara Jane Contrera Malacrida), que abandonou a faculdade de Química em Ribeirão Preto para morar comigo em São Paulo, ingressou em Contábeis na FEA em 1995 e está lá até hoje, com um amor inacreditável pela FEA e pela USP.
Eu queria ser professor universitário, assim como a Mara, mas fui trabalhar em banco porque, como eu dizia, era preciso pagar as fraldas. Quando me formei na FEA, pedi demissão, prestei vestibular para o IME (Instituto de Matemática e Estatística) e fui trabalhar dando aula de Matemática em cursinho.
No IME, encontrei USPianos da Física, Matemática e FEA que estavam montando uma consultoria de risco de mercado. Naquela época o desempenho dos computadores tinha melhorado muito e permitiam a aplicação de métodos quantitativos em finanças. No meio do caminho, nasceu nosso segundo filho (Rafael Contrera Malacrida, ingressante em Ciências Contábeis em 2020). Nosso escritório era perto da USP, eu conseguia trabalhar sem horário fixo e concluí o mestrado em Matemática em 2007.

Mas eu ainda queria ser professor e prestei Letras na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), concluindo em 2013. Fiquei na USP por 21 anos, entre 1992 e 2013, um “estudante profissional”.
Durante esse período, a consultoria (Prandini, Rabbat & Associados) cresceu e virei sócio. Em 2008, quando veio a crise de derivativos, atendemos às empresas mais afetadas, como a Aracruz, e foi aí que conheci a Votorantim. Ali o bicho me picou, veio a vontade de ter uma experiência corporativa.
Fui sócio da Vinci Partners, onde fiquei até 2011. Em seguida, durante dois anos fui tesoureiro da Fibria (resultado da absorção da Aracruz pela Votorantim Celulose e Papel – VCP). De lá passei a CFO da Votorantim Energia (atual Auren Energia). Vim para a holding Votorantim como tesoureiro e me tornei CFO em 2018.

Com quatro FEAnos na família, qual é sua relação com a faculdade e com a Sempre FEA?
Quando faço palestra na FEA, brinco com os alunos que devo tanto à FEA que mesmo que eu for toda vez que me chamarem, eu nunca vou pagar minha dívida por todas as oportunidades que tive na vida, assim como a Mara e meus filhos. Apesar de ter cursado IME e FFLCH, a FEA é minha alma mater, minha casa.
Vi na Sempre FEA um jeito de poder retribuir tudo o que a FEA fez por mim e minha família. Fui presidente do Comitê de Investimentos e estou no segundo mandato como Conselheiro. Sou apaixonado pela FEA e tudo o que puder fazer por ela, faço e sempre farei.
O que mais te toca no seu trabalho voluntário na Sempre FEA?
Houve uma mudança importante no perfil da FEA, que era uma escola da elite e agora com as cotas tem diversidade e pessoas super esforçadas que tiveram menos oportunidades na vida.
Esse nível de diversidade é lindo e gera outros desafios. A Sempre FEA encontra seu espaço nesse gap, ajudando pessoas com menos oportunidades a fazerem um catch up rápido. Quero que a FEA siga brilhando para a posteridade.